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- Descrição é exatamente "Tudo começa em um Sertão. Canudos, Bahia – Dezembro de 2018, o ano dos avessos e desentendidos da história brasileira. Andava com perguntas e lamentos pesando meus passos perdidos. Um caminho nebuloso se desenhava olhando pra frente. Pisar era delicado e escorregadio. Era tempo de passar a limpo o caminho feito até aquele momento. Decido andar pra trás, calçada por
palavras e escutas dos que há tanto tempo deixaram suas pegadas e impressões, iluminando o caminho.
Começo então as costuras desses rastros, bordando em palavras as tantas experiências. Nessa feitura, a realidade se apresenta em sua complexidade: as tantas histórias contadas, nosso processo constitutivo de nação explicam aspectos importantes, que reconhecemos ao longo do desdobramento da tal “modernização brasileira” e seus custos, que resultam em um processo de apagamento da nossa história.
A Guerra de Canudos é um exemplo disso: um levante popular que nos mostrou a existência de muitos Brasis no mesmo Brasil e o descobrimento de um Sertão que virou metáfora para explicar tudo que era desconhecido ou ficava longe da “civilização” inventada pela República, que na época, segundo a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, em seu artigo “De Canudos ao caso Lázaro: o espetáculo da morte no Brasil1” procurou definir essa guerra como um grande exemplo da barbárie contra a civilização e do atraso contra a modernidade. Penso que o abismo entre as diferentes partes do país seguiu povoando o imaginário de cada um de nós e produzindo episódios trágicos que explicam o descompasso entre a cidade e os muitos sertões brasileiros até os dias de hoje. Nova história; velha história!"
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